Estava, esta manhã, com o TweetDeck aberto quando, às 10h01, vejo uma informação no feed da Reuters: “Barack Obama wins the Nobel Peace Prize – more on Reuters UK soon“.
Tratando-se de uma notícia de relevo e tendo sida dada por uma fonte que eu considero credível, fiz o meu RT, ainda às 10h01 (eu, o António Larguesa, o digidickinson, e a NelmaAlas, considerando, naturalmente, apenas o universo dos 1108 tweeters que sigo).
Às 10h02 havia já um RT do meu RT.
Tim Weber, business editor da BBC, adiantou a mesma informação ainda às 10h02 e a SIConline foi a a primeira organização de media tradicional nacional a revelar a informação (PS: no seu feed Twitter).
A BBC News confirmava às 10h05 (A APMobile, curiosamente, só o faria às 10h08 – o que equivale a dizer que ficou completamente fora de jogo).
O resto é história, como se costuma dizer.
Notas:
1. A informação inicial (tanto quanto me apercebi) foi dada por uma das estabelecidas agências de notícias – a Reuters.
2. A ‘viralização’ da informação começou a ser feita por agentes não formais.
3. Os media tradicionais, num primeiro momento, apenas repetiram o que lhes chegou das agências…e que já tinha sido repetido pelos agentes informais.
Discussão:
Podiamos falar de uma diferença de minutos ou até de segundos, se quisessemos ser rigorosos. Podiamos olhar para este episódio e pensar: seja como for, a informação inicial foi dada por uma agência e os media tradicionais reagiram com prontidão.
Acontece que essa conversa não mais faria do que desviar-nos da ‘trave que temos mesmo à frente do olho’ – os agentes informais são já parte integrante do processo de disseminação de informação (às vezes, embora não tantas como desejariam alguns, são também fonte original) e assumem (à escala das suas redes) uma preponderância semelhante à dos agentes tradicionais.
Enquanto isto, os tais agentes tradicionais reagem com muito pouca flexibilidade e, sobretudo, (à falta de melhor palavra) genica. Nos tempos que correm, acrescentar no site e disponibilizar no feed do Tweeter a informação da agência já está muito longe de ser suficiente.
E, embora se trate de uma constatação que tem o seu quê de desonesto, dizer neste momento “isso também eu faço!” parece inevitável.
É cada vez mais largo o território disponível para o ‘isso também eu faço’ dos amadores e é cada vez mais estreito o território (e curto o tempo) disponível para os media tradicionais responderem “mas, desta forma, com todos estes elementos, com estas ligações e com este enquadramento, só nós conseguimos”.
Em minha casa, no escritório, enquanto preparava materiais para aulas, bati (ainda que por segundos) empresas que empregam centenas de jornalistas e que podem ter acesso a uma imensidão de recursos.
Apesar de ser algo cada vez mais natural, é, ainda assim, ao mesmo tempo tenebroso e empolgante.